Crônica da Semana
"Eu invento, mas não aumento."
Talvez você se lembre da época em que as crianças
gritavam “extra, extra” a vender jornais nas ruas. Talvez você também não
lembre e “extra” é apenas um supermercado pra você, mas não importa.
O que importa é o conteúdo certo do jornal, certo? É
não, era. Hoje em dia quando estou lendo um jornal, fora as pessoas me julgando
por eu estar segurando um pedaço de papel e não deslizando o dedo em uma tela
de cristal líquido, me deparo com certos conjuntos de palavras que não condizem
com o que a palavra ‘jornal’ me ensinou. Tudo bem, pode ser um portal de um
jornal na internet, mas para mim, ler que o Zé Silveirinha jogou futevôlei
ontem a tarde na praia da Tijuca com sunga branca e sandália Havaianas (link
que vai direto para o site da Havaianas) me faz duvidar da capacidade do ser
humano em gastar muito dinheiro em um diploma de jornalista.
A quem diga que é realmente jornalismo, a quem diga
que é jornalismo investigativo, e também quem, assim como eu, diga “foda-se”.
Mas convenhamos, é a evolução humana sendo
comprovada. A evolução do chá da tarde, do café na firma, das senhoras
futriqueiras de portão, dos porteiros olheiros. É a fofoca em grau colossal. A
fofoca é a gasolina dos assuntos brasileiros. Sabemos mais dos outros do que de
nós mesmos.
Pra mim, onde os jornalistas estão pecando é no teor
da fofoca, o crème de la creme fofoquístico. Exemplo, não me importa se o Duda Sacola foi
visto beijando uma prostituta na boate, isso eu vejo todo dia, e com pessoas
muito mais engraçadas que uma prostituta. Agora, saber que a Dilma prendeu o
pau no zíper seria muito relevante, além de esclarecer diversas dúvidas do
povo.
Outros jornalistas arriscam suas vidas para trazer a
notícia. Ou você acha que perseguir um bandido de moto a toda velocidade
descendo a 23 de Maio seis horas da tarde da sexta-feira com uma câmera na sua
cabeça e um equipamento nas costas é fácil. Moto-link. Pra mim é moto-lók.
Mas acho que ele sim, merece um salário e um diploma
mais digno que o da Fabíola Gordinha que inventou mentiras sobre o “artista”
que saiu do reality show. Estamos muito além do “Cidadão Kane”, e muito mais
perto do “Famoso Quem?”.
Bom, me deixe ir embora antes que inventem alguma
sobre minha pessoa.
Eu invento, mas não aumento.