quarta-feira, 4 de junho de 2014

Você está licenciado para a Copa?

Pois é, parece que não tem mais jeito! Caso você colocou seu despertador no modo soneca e perdeu a hora, já está tendo a Copa, sim!

Então, não fique triste, eu sei que você tentou mas todo protesto não funcionou, faz quase 8 anos que planejaram a Copa, e os políticos e empreiteiros filhos da p*ta já estão com o dinheiro bem guardadinho! 

So my friend, tire sua máscara do “V de Vingança” que você comprou no site chinês e aceite que dói menos! Você já está licenciado?
A carapuça de Fuleco está servindo para todo mundo! Aliás, por mim o mascote da Copa deveria ser o Dollynho!


O pior, talvez, seja os manés xingando e esbravejando porque os gringos estão chegando e estão até zoando o nosso Brasilzão!
Nós zoamos também! “Imagina na Copa” é coisa do passado. Daqui a poucos dias não precisaremos imaginar mais.
Agora, o fato de campanhas em redes sociais para 'tratar os gringos mal' porque estão zoando o Brasil é o carimbo de “IGNORANTE” firmado na nossa testa!

Nós somos a palhaçada do mundo faz tempo! Quer dizer, depois dos indianos.
Mas o brasileiro é sinônimo de bagunça, festa e futebol. Claro, isso se você for um gringo educado e bem resolvido. Caso contrário, o brasileiro é sinônimo de putaria, drogas e futebol.
Nós rimos deles e fazemos piadas de nós mesmos, mas se eles fazem uma piada com a gente, pronto! “Achei ofensivo, apaga”!
Nem ser ufanista nós sabemos ser. Lembra quando os Simpsons zoaram o Rio? Uma chuva de 'mimimi' brasileira.

Agora, sem estrutura nenhuma e tudo feito “nas coxas”, a nossa Copa vai ser o que esperávamos, aquela bagunça maquiada. Tipo aquela sua tia velha que desquita com 66 anos e vai para o baile com a maquiagem que estava na crista-da-onda nos anos 70.
Acredito que a mistura de sensações que o mundo está sentindo para vir para o Mundial seja algo de receio, com medo, com arrependimento e um pouquinho de “vamos pra formatura em Porto Seguro”.
Os japoneses por exemplo; estão se cagando mais que quando o Godzilla apareceu. Em um programa de TV japonês o apresentador ensinava como escapar de um assalto no Brasil usando 2 carteiras. Hahaha... amadores.


Os “englishes” então, estão vindo pra micareta, aonde se pode fazer de tudo, teve até matéria jornalística no The Guardian de como “pedir bebida” e “se desculpar por ter quebrado o bar” em português.
Por isso, eu sou a favor de tratarmos os visitantes bem. É o que temos de melhor. Já que o resto não ficou pronto! Claro que, quem pode quebrar tudo aqui somos nós. “Pagou de louco”, tomou pau.

Cabe a gente limpar o salão depois, né? É o que nos propusemos, e cobramos muito caro por esse buffet.
O único problema é que, depois de tudo limpo, vamos sair no prejuízo.

Ah, e não me venha encher o saco por gostar de colar figurinha, se a Copa fosse na Síria eu compraria o álbum do mesmo jeito. 
Ficou claro minha imparcialidade bipolar?



terça-feira, 10 de dezembro de 2013

"Eu invento, mas não aumento."

Crônica da Semana

"Eu invento, mas não aumento."

Talvez você se lembre da época em que as crianças gritavam “extra, extra” a vender jornais nas ruas. Talvez você também não lembre e “extra” é apenas um supermercado pra você, mas não importa.
O que importa é o conteúdo certo do jornal, certo? É não, era. Hoje em dia quando estou lendo um jornal, fora as pessoas me julgando por eu estar segurando um pedaço de papel e não deslizando o dedo em uma tela de cristal líquido, me deparo com certos conjuntos de palavras que não condizem com o que a palavra ‘jornal’ me ensinou. Tudo bem, pode ser um portal de um jornal na internet, mas para mim, ler que o Zé Silveirinha jogou futevôlei ontem a tarde na praia da Tijuca com sunga branca e sandália Havaianas (link que vai direto para o site da Havaianas) me faz duvidar da capacidade do ser humano em gastar muito dinheiro em um diploma de jornalista.
A quem diga que é realmente jornalismo, a quem diga que é jornalismo investigativo, e também quem, assim como eu, diga “foda-se”.
Mas convenhamos, é a evolução humana sendo comprovada. A evolução do chá da tarde, do café na firma, das senhoras futriqueiras de portão, dos porteiros olheiros. É a fofoca em grau colossal. A fofoca é a gasolina dos assuntos brasileiros. Sabemos mais dos outros do que de nós mesmos.
Pra mim, onde os jornalistas estão pecando é no teor da fofoca, o crème de la creme fofoquístico.  Exemplo, não me importa se o Duda Sacola foi visto beijando uma prostituta na boate, isso eu vejo todo dia, e com pessoas muito mais engraçadas que uma prostituta. Agora, saber que a Dilma prendeu o pau no zíper seria muito relevante, além de esclarecer diversas dúvidas do povo.
Outros jornalistas arriscam suas vidas para trazer a notícia. Ou você acha que perseguir um bandido de moto a toda velocidade descendo a 23 de Maio seis horas da tarde da sexta-feira com uma câmera na sua cabeça e um equipamento nas costas é fácil. Moto-link. Pra mim é moto-lók.
Mas acho que ele sim, merece um salário e um diploma mais digno que o da Fabíola Gordinha que inventou mentiras sobre o “artista” que saiu do reality show. Estamos muito além do “Cidadão Kane”, e muito mais perto do “Famoso Quem?”.
Bom, me deixe ir embora antes que inventem alguma sobre minha pessoa.

Eu invento, mas não aumento.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Os 10 Mandamentos do Rei do Bom Senso na Internet

1- Não marque todos os seus amigos com um plugin brega e imbecil em algum evento imbecil, promoção imbecil ou festa imbecil aonde nenhum imbecil irá.

2- Não coloque foto de crianças aleijadas, se você não for funcionário da AACD ou coisa do gênero, cachorro mutilado, boi sendo abatido e chinchila pelado. As pessoas irão cagar pra elas. Quer ajudar? Crianças e(ou) animais desaparecidos, ONG's são bem-vindas.

3- Seja um grande babaca adicionando pessoas que você não conhece em grupos do tipo: VENDO iPhone DIRETO DO USA / OPORTUNIDADE DE APARTAMENTOS

4- O Porta dos Fundos é legal. E não precisa mais de você compartilhando 18 vezes o mesmo vídeo. Inclusive qualquer opinião de vlog.

5- Você lembra do banheiro público? 'Ocupado' ainda quer dizer 'ocupado'.

6- Assim como os executores do holocausto nazista, a função "Cutucar" é talvez uma das maiores idiotices que alguém foi pago para fazer.

7- Não convide as pessoas a curtirem sua página do "Frases do Mc Xoxolouco", você sabe que gosta de algo tosco, não espalhe para as pessoas, tira sua credibilidade e não agrega valor nenhum.

8- Você precisa realmente digitar "GOOOOOL" numa máquina ao mesmo tempo que assiste seu time?

9- Uma piada, é uma piada. Nenhum comediante quer ser levado a sério. É brincadeira, é mentirinha, entendeu? Sua mãe mentia pra você, a Dilma mente pra você, o Globo mente pra você. Não fique nervosinho com uma piada.

10- A mais importante: PAREM DE FAZER PESSOAS ESTÚPIDAS FAMOSAS.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Banalização Brasileira, Herbert Richards

O grande protesto foi bom? Sim! Foi pacífico? Sim!

Foi popular? Sim! Esta sendo banalizado? Sim!

Como tudo que é bom no Brasil banaliza? 
É assim com a maioria das coisas que requer um grande número de pessoas.

Você já ouviu falarem coisas do tipo, "ir ao jogo no estádio não é igual antigamente", "festivais de música no Brasil estão uma merda, bom era o Rock In Rio I", "o Facebook está virando Orkut", "a Gretchen casou de novo!?", e coisas parecidas, não?
Tá certo, a da Gretchen é brincadeira, mas a questão é que tudo esta pior. Muito pior. Inclusive os brasileiros.
Sim, nós. 
O estádio de futebol está uma merda porque hoje existem torcidas organizadas, brigam entre si.
Os festivais de música estão uma merda porque você paga o show 3x pra assistir 30 minutos do seu artista favorito. Que recebe um cachê fechado da produtora pois ela fica com a parte pequena. O resto é imposto. É o governo que ganha.
O Facebook comprou um servidor (ou mais, não sei) só para o "Brasil". Só para as imagens que os brasileiros criam. As pessoas não sabem escrever. Mas elas conseguem comprar um celular chinês e criar uma conta. Postar qualquer vídeo fazendo a maior babaquice e todo mundo ri. Bomba, vira hit, a pessoa fica famosa e ganha dinheiro, notoriedade, vira um "formador de opinião", que leva mais pessoas a fazerem imbecilidades virtuais. Procure no Youtube 'bomba no rabo', 'noite da buceta louca' e outras coisas. É só um exemplo.
Exagero a parte, nós somos um povo impressionantemente BURRO.
Sim, burro!
Eu sou burro, você também é.
O brasileiro é hoje o vírus e o próprio placebo.
Mas tem gente tentando melhorar isso.

Nós somos burros porque nós crescemos assim. 
O grande problema é EDUCAÇÃO!

Ninguém. Ninguém com educação aceitaria coisas como as muitas que aceitamos hoje...
Como mensalão, como Sarney, como Feliciano, como Igreja Universal do Reino de Deus, como Imposto de Renda, como o sigilo do DETRAN, salário de merda em TODAS as categorias do país (menos política), como 3,20.
E não estamos aceitando mais.

Por isso a galera está indo paras as ruas.
Mas, existe ali gente que sabe disso, que percebeu tudo, que está lutando, mas existe muita gente, BURRA.
Como pessoas gravando video vestida de homem-aranha pra aparecer na internet.
Pessoas tirando fotos dos "manifestantes mais gatos"
Pessoas com placas de outros partidos então, aos montes. O PT fazia a mesma coisa. O PSDB também. O poder corrompe.
Pessoas que só estão, pela "Onda". Pelo Instagram. Pelo Facebook.
Essa é a banalização.

Pessoas criticando outras porque não foram.
Pessoas se sentindo mais "humanas" porque foram. Gabando-se.
Sim, chamar os amigos é a melhor coisa. Mas criticar quem não foi e se achar melhor por ter ido é novamente uma prova de burrice.

Represente.
Represente quem não pode ir. Foda-se o motivo.
Represente os doentes nos hospitais. Os senhores e senhoras de idade que não podem "marchar" mas não viam a hora disso acontecer.
Os policiais que morreram em confronto com bandidos. Os enfermeiros, médicos, bombeiros, policiais e professores mal pagos.
Enfim, todos.

Espero que tudo mude.
A nossa atitude como brasileiro também.
Não seja burro.
Não se banalize.
Boa sorte.

"Todos os animais são iguais; Mas alguns são mais iguais que os outros."
 - George Orwell (A Revolução Dos Bichos)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Crônica: "Lembra?"


Lembra?

Na apressada Avenida Paulista, no coração seco, cansado e fumante de São Paulo, um pequeno bar próximo a Consolação ainda resiste o tempo, as baladas e os 6 imigrantes chineses que já o tentaram comprar para fazer uma pastelaria. Domingo, calmo, pacato, com as madames passeando seus cachorros-filhos em coleiras enquanto seus filhos-cachorros acordam de ressaca, dividem a calçada com torcedores indo para o estádio, namorados, turistas e malucos que fazem alguma peripécia bisonha por trocados.
No bar, três senhores, velhinhos, porém, lúcidos e saudosistas se encontram depois de 10 anos sem se verem.
Rodolfo. Um senhor magrelo, de bolsa de uma alça e cabelos ruivos já tomados pelo branco indicador capilar da idade tornando-os um laranja gasto. Músico, ainda mantinha a mesma voz e trejeitos Campo-grandenses de sua terra.
Tiago. Senhor pequeno, gordinho e risonho. Trabalhou muito tempo na televisão como editor de jornais e programas importantes. Mantinha seu jeito simplório e até caipira. Desacostumou com a tecnologia.
Felipe. Senhor mais elétrico, quase sem cabelos, um relutante habitante da Moóca. Paulista da gema e da clara. Com certeza seu pai estava na lista de convidados no Samba na casa do Arnesto, aonde foram e não encontraram ninguém. Antes de 1977 ainda chamava-se Phelipe.
Conversavam sobre a vida, o universo e tudo mais quando por incoerência do destino surge a pergunta:
- Nossa, mas faz quanto tempo que não nos falamos?
Pergunta Rodolfo, estranhando um Guaraná com açaí, e sem rolha.
- Verdade! Olha foi desde o casamento do Tiago, não foi?
- Mas eu casei cedo! Ainda nos vimos na formatura de sua esposa!
- Não! Não! Já me lembrei, foi no dia do atentado em Nova York, nos aviões, se lembra?
- Rapaz... um pouco antes raptaram a filha do Silvio Santos não é?
- Foi! E eu estava tocando no Lua Nua, me lembro!
- Mas isso foi quando morreu George Harrison! Foi depois...
- Ah então foi quando o Rafael comprou um DVD? Quando lançou, fomos na casa dele ver!
- Ah! Mas era CD ainda, ouvimos os Strokes lembra? ‘Last Nite’, aquilo era uma brasa!
- Rafael é fera! Devia vir! Mas então, foi depois, não foi quando vimos aquela corrida? Quando o Schumacher foi tetra?
- Não rapaz, foi na final com o Atlético Paranaense campeão!
- Não! Esse dia eu estava editando o incêndio no programa da Xuxa lembram? Haha!
- Sim! Mas foi no começo isso, nessa época você já estava na edição daquela Casa dos Artistas!
- Verdade! Bem lembrado, e você tinha um Baby Telesp ficou nervoso quando chegou a tal da Vivo! Haha!
- Putz! Mas não me lembro então quando foi...
- Acho que só o Rafael saberia hein... esse tem uma memória!
- Verdade, ele com certeza sabe! Pô! Cadê esse figura? Liga pra ele, pergunta e já chama ele mêu.
- Verdade vou ligar!
Com uma certa facilidade, Tiago de prontidão inicia a ligação para Rafael, enquanto Rodolfo acende um cigarro e Felipe pede mais uma tradicional cachaça.
- Alô?
- Alô, “favôr” o Sr. Rafael...
- Sr. Tiago? É a Camila...
- Ô lindinha, tudo bom? Chama seu pai ai pra mim...
- Sr. Tiago... é... o senhor não se lembra, o meu pai faleceu.
- Menina! Verdade... você se lembra o dia do velório?
- Bom foi dia 29 de Dezembro, em 2001.
- Me desculpa Camilinha, fica com Deus, beijo.
Um silêncio similar ao encontrado pós-gol-contra entre os jogadores.
- Lembrei...
- Pois é... a última vez que a gente se viu foi no enterro do Rafael.
...
Os velhos habitantes continuaram ali, enquanto caía uma garoa fina, na apressada Avenida Paulista, no coração seco, cansado e fumante de São Paulo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

"Mensagem Pra Você"


Sabe quando você recebe um e-mail, achando que é muito importante, e não passa de mais uma corrente sem fundamento? Viva a banalização do assunto. Online também! Aqui está minha homenagem a esses e-mails que tanto são ignorados, explorados e repassados.

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De: daniel@pinheiro.som.ky
Para: brasil@umpaisdetolos.com.br
Assunto: Novo golpe! Capturando nossas crianças! REPASSEM URGENTE!‏

POR FAVOR REPASSEM ESSE E-MAIL À TODOS QUE VOCÊ CONHEÇE!
É MUITO IMPORTANTE, VAMOS LUTAR COM AS PRÓPRIAS MÃOS CONTRA A IMPUNIDADE!


O SEGUINTE CASO É REAL, VEJA O GOLPE:

* Não deixe suas crianças jogarem bola na rua depois das 17h. Pois existe uma gangue, sim uma GANGUE, de bandidos vestidos como o personagem "Zé Gotinha".
Sim, o mesmo que alegra nossos filhos num momento tão dramático que é a vacinação. Mas de alegres não tem nada, o que eles fazem?

*Ao avistar um certo número de crianças brincando em uma rua, o Gurgel Fúcsia estaciona. Sim, eles andam sempre em um Gurgel Fúcsia, pois assim é realmente difícil percebe-los em meio a tantos outros carros. (São espertos os malandros ainda!!!!)

* Saem do carro todos os "Zés-Gotinha", claro, bandidos, e as "Marias-Gotinha" mulheres que acompanham a quadrilha para disfarçar a operação.
Começa assim, um show de mágicas, das mais variadas, como baralhos, coelhos na cartola e o grande número dos poodles bailarinos que dançam enquanto pingam Sabin em suas bocas.

*As crianças, (nossos filhos!!!), atraídos pelo espetáculo, se aproximam da "turminha". Assim, após o show, eles distribuem "brindes". E levam as crianças para DENTRO DO GURGEL. Lá, são forçados a cheirarem uma carreira e meia de Dip'n'Link. Uma droga poderosíssima, que faz com que as crianças tenham aptidão e vontade de lamber recheio de Passatempo, vestir roupas coloridas, e ter cabelos lisos.

*Assim, viciando nossas crianças, surgem os traficantes do amor!
VAMOS ACORDAR BRASIL!!
MUITO CUIDADO! VAMOS ESPALHAR ESSA MENSAGEM!


Agora faça como eu e envie esse e-mail para 15 pessoas e salve muitas famílias e crianças, como o Luciano, filho de Fabio, que hoje está livre das drogas.


"Deitado eternamente em berço esplendido(...)"

Obrigado.

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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Crônica; "Botecoterapia"



Certo dia normal de happy-hours felizes da noite paulistana, no bairro tradicional dos bares 24 horas que funcionam até as 2 da manhã, uma roda de pseudo-intelectuais e aspirantes a socialites tomam seus goles de ego e falam sobre suas bebidas.

Três rapazes e duas garotas, um deles daria problema ao desenhista de retrado-falado, não saberia dizer que traços femininos preenchiam a face dele ou vice-versa. Conversam sobre as banalidades que eles consideram importantes como o jogo da quarta-feira ou a descrição correta da síndrome de Portnoy, quando se aproximam da mesa mais duas garotas.

"Oi gente!", disse a mais alta.
"Oi, vamos chegando! E ai? Como estão!", responde um dos rapazes já afastando a mesa e comprimentando-as.
"Tudo certo, e tá faltando gente hein? Aonde está o resto do pessoal?", disse a outra moça recém-chegada ao sentar e acender um cigarro tão bem quanto um koala.
"Já estão vindo! E ai, pegaram muito trânsito?", acalmou o homem com cara de mulher ou vice-versa.
"Um pouco! São Paulo né? Não tem jeito! E quanto está o jogo!?"
"Um a zero para o glorioso Timão!", respondeu rápido um dos rapazes como se com o resultado a sua conta bancária aumentasse a cada minuto.
"E vocês meninas, contem ai, conseguiram!?", interrompe uma das outras mulheres.
"Sim! Nossa! Foi demais sabe! Achamos que não ia dar pra vender, mas no final, mostramos os slides e foi sucesso!"
"Que ótimo!", comemoram como crianças de 12 anos dando as mãos depois de um jogo ganho de queimada.
"Mas, não estava vendido já!?
"Quase! O Marcelo pediu pra gente tentar com eles um preço maior!"
Nesse momento um ponto de interrogação se conjura na cabeça das pessoas que ali já estavam, como quando sua esposa lhe chama pela quarta vez enquanto você está concentrado na bunda da garçonete.
"O Marcelo...?", constata a mulher com cara de homem ou vice-versa.
"É! Marcelinho! Vocês não são do setor do Marcelinho!?", pergunta a mais baixa com um sorriso de prazo de validade vencido.
"Não.", disse um deles enquanto o ponto de interrogação já fazia cafunés em seus cabelos.
"Mesmo? É que a gente marcou aqui com o Marcelo e..."
"Eu sou a Cristiane, esse é meu irmão Luiz e nós trabalhamos aqui perto na Export...vocês não são amigas do Bruno? Que estava vindo!?"
"Não. Desculpa, achei que conhecia vocês...", já disse a mais baixa recolhendo a bolsa e se levantando. "É, vamos procurar o Marcelo! Desculpem!", despediu-se a mais alta.

Levantaram e foram embora. A dúvida e a cara de confusão na mesa foi logo cortada pelo grito de gol vindo do televisor.

Enquanto isso Marcelo jogava dados, bêbado, com três bolivianos costureiros em um porão no Brás.