terça-feira, 10 de dezembro de 2013

"Eu invento, mas não aumento."

Crônica da Semana

"Eu invento, mas não aumento."

Talvez você se lembre da época em que as crianças gritavam “extra, extra” a vender jornais nas ruas. Talvez você também não lembre e “extra” é apenas um supermercado pra você, mas não importa.
O que importa é o conteúdo certo do jornal, certo? É não, era. Hoje em dia quando estou lendo um jornal, fora as pessoas me julgando por eu estar segurando um pedaço de papel e não deslizando o dedo em uma tela de cristal líquido, me deparo com certos conjuntos de palavras que não condizem com o que a palavra ‘jornal’ me ensinou. Tudo bem, pode ser um portal de um jornal na internet, mas para mim, ler que o Zé Silveirinha jogou futevôlei ontem a tarde na praia da Tijuca com sunga branca e sandália Havaianas (link que vai direto para o site da Havaianas) me faz duvidar da capacidade do ser humano em gastar muito dinheiro em um diploma de jornalista.
A quem diga que é realmente jornalismo, a quem diga que é jornalismo investigativo, e também quem, assim como eu, diga “foda-se”.
Mas convenhamos, é a evolução humana sendo comprovada. A evolução do chá da tarde, do café na firma, das senhoras futriqueiras de portão, dos porteiros olheiros. É a fofoca em grau colossal. A fofoca é a gasolina dos assuntos brasileiros. Sabemos mais dos outros do que de nós mesmos.
Pra mim, onde os jornalistas estão pecando é no teor da fofoca, o crème de la creme fofoquístico.  Exemplo, não me importa se o Duda Sacola foi visto beijando uma prostituta na boate, isso eu vejo todo dia, e com pessoas muito mais engraçadas que uma prostituta. Agora, saber que a Dilma prendeu o pau no zíper seria muito relevante, além de esclarecer diversas dúvidas do povo.
Outros jornalistas arriscam suas vidas para trazer a notícia. Ou você acha que perseguir um bandido de moto a toda velocidade descendo a 23 de Maio seis horas da tarde da sexta-feira com uma câmera na sua cabeça e um equipamento nas costas é fácil. Moto-link. Pra mim é moto-lók.
Mas acho que ele sim, merece um salário e um diploma mais digno que o da Fabíola Gordinha que inventou mentiras sobre o “artista” que saiu do reality show. Estamos muito além do “Cidadão Kane”, e muito mais perto do “Famoso Quem?”.
Bom, me deixe ir embora antes que inventem alguma sobre minha pessoa.

Eu invento, mas não aumento.